Fãs e Haters: Ressentimento digital
- calango xucro
- 27 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de out. de 2024
Vivemos uma era em que a internet potencializa o escrutínio público, nos colocando constantemente em exposição. Como seres sociais, é difícil escapar das interações digitais, e a maneira como nos relacionamos online afeta profundamente nossas emoções e bem-estar. No entanto, esse ambiente pode ser tanto um terreno fértil para o crescimento coletivo quanto uma arena de ataques pessoais, especialmente com a ascensão dos “haters.”

A obra Cultura da Convergência, de Henry Jenkins, explora o caráter colaborativo que a internet pode proporcionar, evidenciando o poder das ferramentas digitais na criação de comunidades e na interação saudável com o público. Paradoxalmente, essa mesma coletividade pode ser pervertida, tornando-se uma arma afiada nas mãos de quem usa as plataformas para o ódio. O "hater", termo popular que designa alguém que ataca de forma agressiva na internet, não é uma figura nova. Nietzsche, em seus estudos sobre o ressentimento, já nos alertava sobre essa lógica. O hater é, essencialmente, alguém que projeta suas frustrações em outro, usando a internet como válvula de escape.
O que torna o comportamento do hater tão comum no ambiente digital é a facilidade com que se pode atacar anonimamente e sem consequências imediatas. Seu ressentimento é profundo, ele sente auto-repulsa e impotência, e, ao atacar criadores de conteúdo, o hater está, na verdade, se voltando contra si mesmo. Ele não vê o outro pelo que é, mas como um reflexo de suas próprias limitações e fracassos, projetando no outro a vulnerabilidade que se encontra nele mesmo, movido por uma percepção errônea e irracional.
Enquanto o hater faz mau uso das ferramentas digitais, há aqueles que compreendem o valor real da criação de conteúdo e se envolvem de maneira construtiva. O paradoxo, porém, é que a presença de haters pode, muitas vezes, indicar o sucesso de um canal ou de uma iniciativa digital. Afinal, a crítica – mesmo que destrutiva – demonstra que o trabalho atingiu um nível de relevância.
Para quem está na linha de frente da produção de conteúdo, a melhor estratégia é não se deixar afetar pelo ódio. A presença de haters não define o valor do que é feito. Lembrar que "tudo que é bom e bem construído se sustenta de pé por conta própria" é um alívio. Enquanto os castelos de cartas levantados por críticas vazias caem inevitavelmente, o que realmente importa continua como um edifício robusto, bem planejado.
No final, os haters não passam de ecos do ressentimento de um mundo em constante competição por números e relevância, enquanto os verdadeiros criadores permanecem firmes, construindo com qualidade, sem se deixar abalar pelo barulho externo.
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